sábado, 9 de fevereiro de 2013

BOA CURTIÇÃO AOS "FOLIÕES AO CONTRÁRIO" ...

Nunca gostei de pular no meio da multidão. Tinha verdadeira aversão aos bebuns, geralmente mal educados, pulando com copos de cerveja nas mãos, se fazendo de engraçadinhos como se estivessem agradando, ou aos que transpiravam copiosamente como se tivessem mergulhado numa piscina ou num rio.  Achava aquilo um despautério, uma imundice repugnante e intolerável, além do empurra-empurra propositado, revelador de má educação e desrespeito.Nunca fui de pular carnaval no meio 

Me bastava ficar saltitando ou me embalando ao ritmo de marchinhas, frevos ou sambas junto à mesa que me era reservada num mezanino ou camarote que as diretorias dos clubes sociais privilegiavam os jornalistas e cronistas sociais - isso nos clubes que dispunham dessas privadas mordomias, como o Cssgapa e o Grêmio Niterói, em Canoas; o Clube Aliança, em Esteio e a Sogipa e o Petrópolis Tênis Clube, em Porto Alegre.

Obviamente que sempre muito bem e invejavelmente acompanhado, modéstia à parte, pois sempre fui muito seletivo e exigente na escolha das minhas companhias femininas "à cote". Sustentava essa escolha e exigência, primeiramente no meu - desculpem mais uma vez a imodéstia - bom gosto, sustentado na "lei da compensação e equilíbrio".

Era um bom bebedor do bom e qualificado "whisky" ou "scoth" escocês. Daí minhas preferências, sempre que possível, para satisfazer o paladar, por marcas como Jack Daniel´s, Ballantines, Johnny Walker (esse, à época, o segundo mais vendido no mundo), Black Horse, Red Horse, J&B, entre outros de refinado paladar. Na falta dessa qualificação, restavam os nacionais, como o Pasporte, o Natu Nobilis e o Drury´s (esses logo após o seu lançamento quando ainda apresentavam uma boa e aceitável qualidade). Foram cerca de 20 anos a base de bons "scoths", o que me levou a ter um bom conhecimento da qualidade e a experiência para distinguir entre um excelente ou bom "whisky" ou um de menor cotação. Aqui é preciso, também, destacar que só bebia "whisky" no melhor estilo "cow-boy" ou "faroestão". E muitos garçons de Canoas, como o amigo "alemão" Áureo, e até mesmo de Porto Alegre, já conheciam a minha preferência: tanto que ao virem me servir, já perguntavam: o senhor é estilo "cow-boy"!

Tanto as marchinhas, como os frevos (esses mais raros) e sambas tinham em suas letras mensagens positivas e não "cafajestes" como a que se ouve atualmente. E versavam sobre temas em que criticavam a política e o governo, ou as de dúbio sentido, porém tão discretas que eram quase que imperceptíveis, enquanto outras pautavam pela ironia com tom satírico e outras abordando a dor-de-cotovelo. E a quase totalidade dos foliões sabiam as letras de cor, assim as vozes ecoavam pelo salão entre os foliões fantasiados de marinheiros, palhaços, piratas, arlequins, pierôs, colombinas e jardineiras ou até mesmo as meninas exibindo suas belas e torneada coxas trajando sarongues e tendo come detalhes colares que lembravam as mulheres havaianas com roupas super coloridas. A tudo isso, muitos brilhos, lantejoulas e plumas. E para dar mais alegria ao festejo de Momo, haviam os confetes e serpentinas que voavam entre os foliões e depois "pintavam" o piso do salão de um multicolorido sem igual, o que traduzia alegria, confraternização, o bom convívio social num ritmo de entretenimento e festa completa.

Havia a expectativa da entrada do "Rei Momo" e sua corte, formada pela Rainha do Carnaval e suas duas princesas. O baile parava para que "suas majestades" adentrassem e dessem uma volta no salão cumprimentado com acenos de cabeça todos os foliões. Era quase que um momento mágico. Depois e despediam para continuar a ronda em outros salões dos clubes sociais, e aí a folia remotava o sua alegria e o seu ritmo com a banda reiniciando com o tradicional "tará tará tará tátá, tá tarará tátá" ...

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