segunda-feira, 29 de abril de 2013

DANILO E AMÉRICO: DOIS IRMÃOS, DOIS CRAQUES


É importante ressaltar que o futebol nos anos 50 não era, financeiramente, tão atraente que permitisse se deixar uma outra alternativa de sobrevivência ou outra oportunidade de realização pessoal e profissional. Os clubes não detinham grandes patrocinadores e os "cartolas" de então eram, de fato, pessoas que se dedicavam ao crescimento e progresso dos clubes sem essa visão mercantilista de hoje, que faz com que os clubes, através de seus "cartolas", movam e movimenta bilhões e bilhões de dólares por ano, estabelecendo o valor dos passes dos jogadores aos milhões de dólares, além do pagamento de salários bilionários aos craques, especialmente os que jogam ou são convocados para a Seleção Brasileira de Futebol ou que jogam nos chamados grandes clubes. Aliás, com raríssimas exceções, praticamente todos os ditos "grandes clubes" brasileiros estão sempre endividados, seja com a compra de jogadores, com problemas de má administração ou, para encargo do povo, com as obrigações trabalhistas e outros encargos ou tributos.

E foi exatamente nos "anos dourados" que meus dois primos Danilo e Américo Pagot se dispuseram a jogar futebol. Inicialmente pelo time da então pequena localidade de Cotiporã/RS e por amor à camiseta e pelo futebol. Depois Danilo, goleiro, foi jogar no Esporte Clube Veranense, da cidade de Veranópolis. E lá permaneceu por pouco tempo devido as razões acima justificadas. Daí, e já casado, partiu aventurando-se pelo Paraná, fixando residência, inicialmente, em São Miguel do Iguaçu e depois transferiu-se para a pequena cidade de Juara, no Mato Grosso, onde ainda mostrava seu interesse pelo futebol, tendo participado da diretoria e da própria construção do Estádio Municipal, que hoje, em homenagem de reconhecimento, é o Estádio Municipal Danilo Pagot.

Já o Américo, grande e determinado zagueiro centra, um pouco mais jovem que o irmão Danilo, seguiu para Caxias do Sul, onde foi contratado pelo extinto Grêmio Esportivo Flamengo, hoje transformado em Grêmio Esportivo Caxias. E lá jogou, pelo que se tem de comprovações, de 1958 a 1960. Não foram poucas as tentativas de clubes com melhor estrutura financeira e patrimonial que o quiseram contratar. Primeiramente foi o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, mas a direção do Flamengo não abria mão do jogador. Meu próprio pai, Luiz Pagot, procurou intervir junto à direção do Flamengo e do Grêmio para que houvesse um acerto e, assim, a transferência do zagueiro Américo Pagot para o Estádio da Baixada Tricolor. Mas a direção do Flamengo manteve-se resistente e insensível. 

Tempos depois emissários da Sociedade Palmeiras, de São Paulo, tentou contratar o jovem e talentoso zagueiro. E mais uma vez a direção do Flamengo foi irredutível, alegando que precisavam do talento e determinação do zagueiro Américo. Dessa forma, diante da resistência e da insensibilidade dos dirigentes flamenguistas, a carreira promissora do zagueiro Américo acabou quando, sem outra alternativa, transferiu-se para um dos clubes de Bagé. E lá, entre noitadas e bebedeiras com companheiros jogadores, Américo foi dando fim à sua até então promissora e importante carreira de futebolista.

Decepcionado e com sérios problemas em uma das pernas, que o impossibilitava de jogar futebol, transferiu-se de mala e cuia para o Paraná, onde já estava o primogênito da família de Antonio e Maria Sartori Pagot, Ferdinando Felice, este bastante estável financeira e economicamente. Mas não demorou muito Américo viu-se privado de uma das pernas, exatamente a que sofrera problemas em Bagé e que originou uma gangrena, obrigando os médicos a amputá-la. Seguia tranquilo e feliz a sua vida na pequena cidade paranaense, quando surpreendentemente viu-se mais uma vez diante de um gravíssimo problema, obrigando a amputação da outra perna. Desiludido pela não concretização do seu sonho de se tornar um grande craque, reconhecido nacionalmente, dado o seu talento futebolístico, caiu numa profunda depressão e assim, de forma lamentável e triste, acabou nos deixando na saudade.

*** Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br
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