Este vídeo, provavelmente um dos trabalhos mais completos sobre a história do "PAPÃO DE 54", A "Máquina do 4° Distrito", como batizou o jornalista e comentarista esportivo Ruy Carlos Ostermann, tem o propósito de preservar a história do saudoso Grêmio Esportivo Renner, fundado em 27 de julho de 1931 e encerrou sua trajetória em 22 de janeiro de 1958. Nessa sua trajetória, porém, teve uma marca histórica quando em 1954 conquistou o Campeonato Gaúcho de Futebol, quebrando a hegemonia da dupla GRE-NAL, ou seja dos dois clubes mais tradicionais do Rio Grande do Sul: Sport Club Internacional e Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.
O Grêmio Esportivo Renner, cujo estádio foi batizado de Tiradentes, mas também conhecido pelo pseudônimo de "Waterloo" (provavelmente por ser numa zona territorial muito baixa e que, por isso, alagava), foi um time fundado e mantido pela Fábrica Renner: inicialmente roupas e mais tarde especializou-se em tintas.
Por lá passaram e se formaram grandes e inesquecíveis craques, como o goleiro Valdir Peres, o meia-esquerda Enio Andrade, que se consagrou conquistando o II Panamericano no México, em 1956, com a Seleção formada só de jogadores gaúchos conquistando o primeiro e principal título com a camisa da Seleção Brasileira de Futebol, e destacou-se também como treinador de grandes clubes, como Internacional, Grêmio, Palmeiras, etc. No clube "alvi-rubro" (a camisa era com listras brancas e bordô) surgiram para o cenário estadual e nacional jogadores como Enio Rodrigues, que acabou se consagrando no Grêmio e na Seleção Brasileira que disputou o II Panamericano no México, em 1956, e Breno Mello, que depois se transferiu para o Fluminense do Rio de Janeiro e acabou virando astro de cinema, sendo seu principal papel na co-produção franco-brasileira do filme "Orpheu Noir" ou "Orpheu Negro" e que muitos chamavam também e erroneamente de "Orfeu do Carnaval". Além desses crques o G. E. Renner campeão de 1954 teve à frente o treinador Selviro Rodrigues.
Classificação - Triangular Final | |||||||||
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Time | PG | J | V | E | D | GP | GC | SG | |
1 | Renner | 7 | 4 | 3 | 1 | 0 | 7 | 1 | 6 |
2 | Brasil de Pelotas | 5 | 4 | 2 | 1 | 1 | 6 | 6 | 0 |
3 | Ferro Carril | 0 | 4 | 0 | 0 | 4 | 2 | 8 | - 6 |
PG - pontos ganhos; J - jogos; V - vitórias; E - empates; D - derrotas; GP - gols pró; GC - gols contra; SG - saldo de gols |
Gauchão 1954
Renner - Campeão (1º título)
História
O Renner foi
fundado no dia 27 de julho de 1931, por Victor Gottschold, Avelino Amaral e
Apolinário Corrêa, entre outros, todos funcionários da A.J. Renner & Cia. O
clube realizou seus primeiros jogos na rua Frederico Mentz.
No dia 15 de novembro de 1935, o Renner inaugurou seu estádio na rua
Sertório (esquina com a avenida Eduardo), vencendo o Taquarense por 5
a 4. O estádio foi construído em um terreno doado por Antônio Jacob
Renner. Em 1936, o clube participou da fundação da Liga Atlética Porto Alegrense
(LAPA), ao lado do Portuário, Rio Guahyba, Gloriense e Arrozeira
Brasileira. Em 1937, com a divisão da principal liga
portoalegrense, o Renner abandonou a LAPA e ingressou na facção da Associação
Metropolitana Gaúcha de Esportes Atléticos que manteve-se fiel à CBD (AMGEA
cebedense).
Em 1938, o clube venceu o Torneio Início e o
Campeonato Municipal, disputando o campeonato gaúcho. Com a unificação do
futebol portoalegrense, realizou-se, no primeiro semestre de 1939, o Torneio Relâmpago, com onze equipes e
que classificaria os cinco primeiros para a Primeira Divisão do Futebol,
ficando os restantes na Segunda Divisão. Renner, Cruzeiro e Americano terminaram
o torneio empatados em 4º lugar. No "Torneio Desempate", o Renner
ficou em último, perdendo a vaga na elite gaúcha.
Em 1940, o Renner analisou a possibilidade de
alterar seu nome para Industrial ou Navegantes,
para adequar-se aos estatutos da AMGEA. Nesta temporada, com uma grande
campanha na Segunda Divisão gaúcha, o clube teve seu atacante Caburé
(artilheiro da competição) convocado para a Seleção
Brasileira que
disputaria o Campeonato Sul-Americano, na Bolívia (os clubes gaúchos recusaram-se a
ceder seus atletas e Caburé jamais jogou pela Seleção). Precisando apenas de um
empate para ganhar o campeonato da Segunda Divisão, o clube perdeu para o Porto
Alegre, desperdiçando a chance de subir à Primeira Divisão. No ano
seguinte, o Renner resolveu não inscrever-se para disputar o campeonato da
Segunda Divisão.
Em 1942, o
Renner venceu o campeonato da Segunda Divisão gaúcha, mas não conseguiu o
acesso. Em 1944, novamente consegue o título,
conquistando o direito de ascender à série principal. Em1951, o Renner foi vice-campeão juvenil, repetindo
o feito em 1953 e 1957. Mas o grande momento do Renner foi na
temporada de 1954. O clube sagrou-se campeão citadino com
três rodadas de antecipação, ao vencer o Juventude por 9x2, no dia 8 de janeiro de 1955. Em seguida, conquistou o Campeonato
Gaúcho de 1954, em um quadrangular com Brasil
de Pelotas, Ferro Carril de Uruguaianae Gabrielense
de São Gabriel. O título foi conquistado no dia 3 de abril de 1955, com a vitória do Renner sobre
o Brasil de Pelotas por 3 a 0, no Estádio
Tiradentes, gols de Breno (2) e Pedrinho. O time campeão entrou em
campo com a seguinte escalação: Valdir
de Moraes, Bonzo, Ênio Rodrigues, Orlando (Olavo) e Paulistinha; Leo
e Ênio Andrade; Pedrinho,
Breno Melo, Juarez e Joelcy. A campanha desse ano foi tão arrasadora que o time
recebeu o apelido de Papão de
54.
Em 1957,
depois de disputar o Torneio Triangular de Porto Alegre, participou
do Torneio Quadrangular do Rio de Janeiro, contra Bangu, Vasco e Fluminense.
O final da
década de 1950 marcou um período de crise do clube. Como no final de cada
temporada a empresa A. J. Renner tinha de cobrir o rombo financeiro, após o
campeonato de 1957, decidiu-se extinguir o clube.
Títulos:
Estadual:
Outras Conquistas
T Torneio Extra de Porto Alegre: 1947. - Torneio
Triangular de Porto Alegre: 1950. - Torneio da Associação dos Cronistas
Esportivos de Porto Alegre: 1956.
Artilheiros
Artilheiros do Campeonato
Gaúcho
1.
Breno Mello - 1954. - 2.Joeci - 1954.
Ídolos
Detalhes: PEDRO ÁRIO FIGUEIRÓ, o PEDRINHO II.
Pedro Ário Figueiró, também conhecido nos meios esportivos como Pedrinho II, que era reserva do ponteiro direito Pedrinho I, integrou a equipe do Grêmio Esportivo Renner, campeã de 1954. Portanto, foi um dos "Papões de 54". Em 1957 Pedrinho II disputou algumas partidas no "Quadrangular do Rio de Janeiro", quando participaram os times do Bangu, Vasco da Gama, Fluiminense e Renner. Pedro Ário Figueiró jogou em duas das partidas, uma contra o Bangu e outra contra o Fluminense, quando a equipe do G. E. Renner venceu de 3 x 0, sendo essa a única vitória do "Clube Grená" de Porto Alegre, torneio em que o Bangu sagrou-se campeão, conquistando, assim, a Taça A. J. Renner.
Pedro Ário Figueiró, depois de aposentar-se como jogador profissional e já que era formado em Educação Física, foi treinador do Sport Club Internacional em duas ocasiões: 1962 e 1967, mas não logrou grande sucesso como treinador.
Nos final dos anos 50 e início dos 60, Pedro Ário Figueiró, ou Pedrinho II, como professor de Educação Física lecionou no colégio Externato São Luiz, da Congregação Lassalista, época em que foi meu professor de Educação Física.
*** Música: "SMILE" com interpretação de Nat King Cole
Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br
No detalhe, como irmã de Pedro Ário Figueiró, agradeço a referência no comentário biográfico, postado por XICO JÚNIOR, que considero justa e merecedora, PEDRO ÁRIO, foi, reconhecidamente, um diferencial no esporte futebolístico de nosso Estado, um hábil jogador e um descobrir de grandes talentos, quando na direção técnica, ídolo de uma geração de jovens, que, assim como ele, via e vivia no futebol a sua grande paixão. Obrigada !! (p contato; soniafigueirofernandes@gmail.com).
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